Quando tudo o que vai para a rede é lixo encontrado no chão

No átrio interior da Escola Básica de Manhente foi colocada uma rede de grandes dimensões, que representa o oceano. E os alunos são convidados a ser peixes no oceano. “Sempre que passamos por baixo da rede, sentimo-nos como os peixes e outros animais marinhos quando nadam no mar e olham para a superfície da água – a rede é a nossa superfície”, lê-se na página oficial de Facebook da Escola. “Como a protecção dos oceanos é o tema do Parlamento dos Jovens, em Manhente surgiu a ideia de colocar a rede no átrio interior com o intuito de sensibilizar os alunos para o que acontece ao lixo que não é colocado nos contentores”, explicou ao JB Paula Ribeiro, uma das impulsionadoras da iniciativa. De forma simples, “a rede representa o nosso oceano e, quando este está limpo, tem muitos peixes. Quando há lixo, os peixes desaparecem e os alunos, ao passarem por baixo da rede, têm a mesma sensação que os peixes quando nadam num oceano poluído”, acrescentou a docente.

O primeiro lixo já foi recolhido no chão do estabelecimento de ensino, “surpreendendo muitos alunos pela quantidade significativa”, sublinhou Paula Ribeiro. Todos os meses, o lixo no recinto da escola vai ser recolhido por alunos, professores e funcionários, colocado na rede e pesado, para os alunos poderem ver a quantidade de lixo que deitam fora dos espaços adequados, esperando-se que isso “funcione de forma a sensibilizar os alunos e a levar a uma mudança de atitudes e comportamentos”. Ora, no dia da visita do JB, já o primeiro lixo tinha sido retirado da rede, isto porque, no final de cada mês, o ‘oceano’ é limpo e repete-se todo o processo até ao final do ano lectivo. “O objectivo é que, a cada mês, o lixo vá diminuindo e, mesmo, desaparecendo. Se a rede se mantiver limpa, isto significa que todos estão a fazer um bom trabalho”, sublinhou a professora.

A rede gigante é uma das várias iniciativas do projecto “Missão Possível 4.0” – da disciplina de Educação Moral Religiosa Católica do Agrupamento de Escolas Alcaides de Faria –, que intervém em termos de ambiente e de intervenção social. Esta acção em concreto foi “muito bem recebida” não só pela comunidade escolar, mas também pela comunidade envolvente e até já teve reacções vindas de outras localidades e estabelecimentos de ensino. “O feedback foi enorme e sempre muito positivo, com reacções vindas de diversos pontos do país à publicação da actividade nas redes sociais da escola. Temos recebido inclusive propostas externas para fazer formação/sensibilização junto dos nossos alunos”, avaliou Paula Ribeiro, uma das impulsionadoras do projecto.

Escola de Manhente sensibiliza para questão ambiental

A estrutura suspensa, em jeito de oceano, colocada no átrio interior da Escola Básica de Manhente, pretende alertar, desde logo, para a poluição dos oceanos, mas é apenas mais uma – porventura a que tem mais visibilidade – das iniciativas para sensibilizar os alunos e restante comunidade para a questão ambiental. O projecto do Parlamento dos Jovens está também “a debater as alterações climáticas e a apresentar sugestões para salvar os oceanos”; nas aulas de Educação para a Cidadania, os alunos do 5.º ano estão a desenvolver o projecto “Bebe + água”, para “incentivar o consumo de água da torneira em garrafas reutilizáveis” e, assim, reduzir o consumo de plástico; e também a Feira Verde da escola, que se realiza em Maio e se insere no Dia Nacional da Agricultura na Escola, será este ano livre de plástico. A par de tudo isto, acrescenta Paula Ribeiro, “durante todo o ano, a escola faz igualmente compostagem e tem uma horta, dinamizada pelos alunos da Educação Especial”. De resto, a Escola Básica de Manhente aderiu também ao programa Ecovalor da Resulima, para “incentivar a separação do lixo, não apenas em contexto escolar, mas também em casa”, sendo que o plástico recolhido na escola é depois vendido à empresa de tratamento de resíduos.

*Foto: Eduardo Morgado/JB

[Publicado em “Jornal de Barcelos”, edição de 2 de Janeiro de 2019]

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